28 de julho de 2009

My broken bird

“Ele nunca viu o interior do meu apartamento, e o jeito que a chuva arranha contra as persianas e goteja dentro de uma rachadura na janela. Como a chaleira apita e chacoalha quando a água ferve. Ele não sabe como fica congelado o freezer e leva horas para desenterrar um pacote solitário de ervilhas congeladas. Ele nunca enxugou os círculos de água que ficam mesa de café ou me viu passar batom vermelho no espelho do banheiro, do jeito que eu mexo meu cabelo e faço biquinho e me imagino bonita. Ele não lembra daquela manha que minha sala se chocou com uma batida horrível e eu pensei que as bombas, finalmente tinham chegado. E eu vi somente um pequeno pássaro tremendo à beira da morte, seu pequenino bico amarelo quebrado com o forte impacto contra o vidro da minha janela.

Sangue escorria sob seu peito. Eu o acolhi a coisinha pequenina nas minhas mãos e o apertei contra meu peito até que a vida o deixasse e o levei até minha cama. Percorri meus dedos sobre suas penas negras e o enrolei em um dos lenços da minha mãe, primeiro como um casaco, depois como um embrulho. Eu amarrei o caixão macio com uma fita preta do meu vestido e o carreguei pela ponte até o jardim de rosas no parque. Sem pás minhas mãos retiraram as pedras enquanto os meninos jogavam futebol e as crianças gritavam nos escorregadores e os cães pegavam frisbes no ar. Quando tinha tirado terra o bastante eu coloquei meus lábios sobre o pacote, o lenço dentro da terra, e o cobri com as pedras. Andei de volta pra casa por trás dos cercados dos servos, e o memorial da garotinha morta esmagada por um poste. Em casa, na minha cama onde ele nunca esteve, eu deitei do lado da bagunça que secava do meu passarinho quebrado,o meu vestido grudento ao redor dos meus seios.”





Retirei do blog da audrey kawasaki mas pertence à Helena Kvarnström.

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